quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O que os CIOs podem aprender com Steve Jobs?

Especialista aponta quais os segredos do CEO da Apple, e quais os caminhos de uma liderança criativa e inovadora para CIOs.

Grandes líderes como o CEO da Apple, Steve Jobs, são visionários supremos e gênios do marketing, conforme a definição do expert Paul David Walker, autor do livro Unleashing Genius(Morgan James Publishing, 2008). Para serem melhores líderes, CIOs precisam ser mais parecidos com eles.

Porém é preciso tomar cuidado com o calcanhar de Aquiles dos líderes: um ego impetuoso pode enviar colaboradores valiosos direto para a saída, o que pode resultar em um vácuo no plano de sucessão, avalia Walker. Para se tornarem melhores líderes, os CIOs precisam andar em uma linha tênue entre compreender e agir sobre a natureza extraordinária de seus gênios e, ao mesmo tempo, ter a humildade e paciência necessárias por ser subordinado ao CEO.

Walker, que se descreve como fã da Apple, vem prestando consultoria de carreira para executivos e líderes por três décadas. Em entrevista, ele mostrou a lições de liderança deixadas pela Apple e por Jobs.

Qual sua visão de Jobs como líder?
Walker: É um dos líderes visionários mais poderosos dos dias de hoje. Ele é altamente inteligente e capaz de estimular novos mercados. Também foi capaz de conquistar a lealdade de engenheiros brilhantes. Isso é muito importante porque engenheiros normalmente pensam que todos são idiotas, menos eles. Liderar um grupo como esse requer muita habilidade.

CIOs também precisam liderar gênios do mundo técnico. Como podem fazer isso melhor?
Engenheiros respeitam habilidades intelectuais e cognitivas. A maioria desses profissionais têm grandes ideias, mas sem perspicácia de mercado. Jobs ama tecnologia de verdade e faz parte de um grupo de pessoas que compõem 2% do mundo, em termos de marketing. Engenheiros respeitam líderes que amam tecnologia e podem pegar suas ideias e transformá-las em produtos que vendam. E, neste caso, Steve é o melhor aliado de um engenheiro.

Enquanto líder, Jobs sempre foi criticado por seu temperamento inflamável. Como isso influencia na hora de liderar?
Apenas 5% das pessoas podem imaginar algo, brincar com isso em suas mentes e visualizar o produto final. Invariavelmente, um líder inteligente assim não compreende por que outras pessoas não entendem essa lógica, que parece tão óbvia.

Quando essas pessoas enxergam que seus colaboradores não compreendem, ficam muito frustradas e agressivas com eles. Isso pode chatear as pessoas, porque seus respectivos egos são desafiados – como vocês sabem, Rob Johnson, chefe do setor de revendedoras, saiu – e ele criou lojas brilhantes. Alison Johnson, vice-presidente de marketing e comunicações global, também deixou a empresa.

Penso que isso é uma fraqueza que líderes muito inteligentes possuem. Humildade é um traço muito mais difícil de ser desenvolvido. Com objetivo de desenvolver um bom plano de sucessão, é preciso criar certo nível de humildade para que você possa ter pessoas que não deixem a peteca cair quando você sair.

A falta de uma liderança visionária explica a falta de habilidade aparente da Microsoft em inovar?
Bill Gates era obviamente o Steve Jobs da Microsoft. A situação da empresa neste momento mostra que o sucessor não é tão visionário ou brilhante quanto Gates. Não gosto de julgar o atual CEO, Steve Ballmer, porém basta olhar os resultados; a Microsoft não tem apresentado boas ideias.

Falando em suscessão, quem você acha que irá substituir Jobs?
Tim Cook, COO da Apple, ainda não faz parte dos favoritos, e você deve se perguntar por quê. É uma habilidade muito diferente para operar uma companhia com sucesso do que criar novas realidades. Se Cook é um bom piloto, grandes são as chances de que ele não será o visionário que pode criar novas realidades. Quem eu escolheria? Talvez alguém da direção da Pixar, apesar de que não conheço muito bem o time.

Por que da Pixar?
Jobs é um mestre do branding, marketing e tecnologia. Cada detalhe de seus produtos – tenho alguns deles – é bonito e elegante. Já que Jobs construiu a Pixar, penso que as pessoas dessa empresa tem esse tipo de treinamento.

Às vezes um bom líder pode suprimir boas e má ideias, porém a Pixar continua a ser extremamente criativa depois que Jobs saiu. Deve haver pessoas capazes de liderar nesse lugar.

O que os CIOs podem aprender a respeito de liderança com a Apple e com Jobs?
A maior parte dos CIOs tende a ser muito operacional, ainda que eles tenham de se tornar mais estratégicos na diretoria executiva. Tecnologia é uma ferramenta estratégica em qualquer companhia nos dias de hoje, e o marketing de sucesso está ligado a alguns tipos de invenções high-tech.

CIOs precisam tomar a frente e se tornarem mais criativos, mais visionários como Jobs. Eles podem apresentar ideias que usem a tecnologia para penetrar mercados e melhorar a performance da companhia, além de fazer cursos sobre marketing e branding.

A grande lição da Apple é que a empresa mostrou que a tecnologia pode ser legal, e esses líderes precisam pensar em maneiras de tornar seus produtos interessantes. Por exemplo, um dos meus clientes da Disney criou, em conjunto com o CEO, um espelho para as revendedoras. Assim como o “Espelho, espelho meu” da Branca de Neve, as meninas podem se olhar e enxergar a si mesmas vestidas como princesas. Eles se tornaram um dos itens mais populares das lojas. Esse é o futuro do CIO.

E a respeito do fator da arrogância?
Não é preciso ser arrogante para impressionar as pessoas com suas habilidades. Deixe-a em casa porque não funciona para você. É mais fácil ser arrogante quando se é o CEO – os CIOs precisam ser mais pacientes. Entretanto, não deixe sua confiança e criatividade do lado de fora da companhia.

Fonte: CIO Carreira

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