Mais convencidas pelo conceito e em paz com o movimento rebelde da adoção de dispositivos pessoais para fins profissionais, muitas empresas começam a adotar a prática como norma.Galen Gruman, InfoWorld/EUA
Em 2010 e durante grande parte de 2011, muitos departamentos de TI tiveram medo das invasões do território profissional por iPhones, iPads e Android. Assumiu-se que conforme o “santuário” dos BlackBerry fosse saqueado, vários males imprevisíveis surgiriam. A maioria das empresas começa hoje a fazer as pazes com esses receios iniciais, aceitando os dispositivos móveis modernos como parte da sua”malha” tecnológica – embora empurradas pela vontade dos utilizadores. A estratégia
Bring Your Own Device (BYOD) ou “traga o seu dispositivo” começa ser norma na maioria delas.
Mas o mais revolucionário é as empresas começarem a incentivar ativamente as políticas de BYOD, e não apenas a aceitá-las passivamente. É isso que a
Good Technology descobriu em uma pesquisa entre os seus clientes. A empresa é um dos principais fornecedores de ferramentas de gestão de dispositivos móveis (MDM) especialmente para grandes empresas. As conclusões do estudo aplicam-se a organizações posicionadas na vanguarda do fenômeno da consumerização das TI. De acordo com
Larry Dunn, chefe global de consultoria na Unisys, a maioria das empresas ainda não adoptou a BYOD como programa ou política para a organização. Conseguem-se detectar sinais de BYOD nessas empresas, mas elas o não sabem.
O levantamento da Good mostra como as empresas que adoptam políticas de BYOD, não suportam apenas o fenômeno mas o incentivam – porque reconhecem um verdadeiro retorno de investimento nessa prática. Estudos entre CIO, realizados pela consultora
Aberdeen Group, também mostram que esses responsáveis estão a olhar cada vez mais para os dispositivos móveis, como factores de produtividade – que merecem ser aproveitados –, e não como ameaças a ser combatidas.
Essa reacção positiva face à BYOD permite que sejam melhores em áreas mais importantes – servindo os clientes e aumentando a produtividade – em vez de adoptarem uma atitude passiva. Esta lógica, na qual assumem a inevitabilidade da tendência orientou grande parte da primeira de adopção e gestão dos dispositivos.
O que as empresas que já se renderam mais gostam no BYODDados da Good apontam para que duas das indústrias mais fortemente regulamentadas – a dos serviços financeiros e de saúde (incluindo as ciências da vida) – são mais propensas a dar suporte ao BYOD. Assim, como as organizações de serviços profissionais e de consultoria, também “muito” regulados.
Segundo o vice-presidente para a estratégia da Good,
John Herrema, mais de 90% das empresas financeiras apoiam políticas de BYOD. Isto mostra duas ideias:
- as questões de segurança levantadas pelo pessoal de TI, são muitas vezes passíveis de gestão;
- há um valor inerente ao suporte de estratégias de BYOD, por isso faz sentido para indústrias como para fazê-lo ativamente.
A razão é diabolicamente simples, explica Herrema: essas empresas baseiam-se bastante na utilização das informações, e em facilitar a entrega dos seus produtos e prestação de serviços. Os dispositivos móveis tornam mais fácil trabalhar com informações durante mais horas e em mais locais.
Significa que os funcionários podem tornar-se mais produtivos, uma boa contribuição para os negócios da empresa. “Se as organizações conseguirem ter estes trabalhadores conectados, de dia e de noite, obterão mais ROI”, diz Herrema. Isso é claramente um aspecto apelativo para os serviços financeiros e empresas de serviços profissionais.
No caso de se pensar que os cuidados de saúde não são dependentes de informação, mais vale reconsiderar. Médicos, enfermeiros e outros trabalham fortemente com sistemas de informação, a partir de gráficos de imagens.
“Os médicos são especialmente móveis e altamente dependentes de informação, e os dispositivos que preferem são os smartphones e tablets. E o iPad é uma plataforma fantástica para aplicações médicas”, diz Herrema. O mesmo lembra que a saúde foi um dos primeiros setores a adoptar o uso de tablets há mais de uma década, com o primeiro dispositivo baseado em Windows XP. Os dispositivos não corresponderam às expectativas, mas o desejo pelos tablets não diminuiu no setor de cuidados de saúde “, observa – apenas permaneceu dormente até um tablet mais eficaz, o iPad, ter surgido.
O estudo da Good também mostrou outro aspecto notável: a adoção de práticas de BYOD por parte das administrações públicas é menor do que nos serviços financeiros, nos serviços profissionais, de saúde e de alta tecnologia, entre outros. E os funcionários dos governos são usuários de grandes quantidades de informação. Que iriam beneficiar de dispositivos móveis.
Mas um fato animador é que a adoção de BYOD por várias administrações públicas tem crescido a cada trimestre. Por isso não poderão continuar a ser retardatárias por muito mais tempo. A indústria legal está a ser mais lenta na absorção do conceito do que a administração, e não revela um crescimento de BYOD. O mesmo está a acontecer com o setor de telecomunicações – isso mostra como nem todos os setores indústrias da informação estão aderindo à tendência.
Como seria de esperar, as empresas onde as responsabilidades dos empregados são menos dependentes de informações, tais como o varejo, as empresas de utilities e a indústria, são muito menos propensas a suportar ou incentivar poplíticas de BYOD – excepto nas vendas, no marketing e entre os executivos top – do que maioria das outras indústrias. Mas fazem melhor do que a indústria do entretenimento e média, a qual regista o menor índice de utilização de BYOD. (O último fato pode refletir a falta de maior pro-atividade de TI e da alta concentração de profissionais terceirizados, em vez da inexistência de um movimento liderado pelso utilizadores).
Atitude ativa reduz custos de telecomunicaçõesEm ambos os serviços financeiros e de saúde, as empresas registam mais ROI quando os mais seus funcionários usam aplicações mais amigáveis de aplicações, como o iPhone, o iPad e os dispositivos Android. São os preferidos dos funcionários e tendem a querer de qualquer maneira e estão comprando por conta própria, quando não são fornecidos pelo empregador. E isso explica a tendência assinalada pelo trabalho da Good.
Esse incentivo tem outro benefício para as empresas, se não para os empregados: como os dispositivos que fornecem o maior valor para as pessoas nos seus postos de trabalho são os comprados pelas próprias pessoas, elas estão dispostas a comprá-los. A Good demonstrou que metade dos seus clientes não pagam um centavo pelos dispositivos usados por funcionários. No fundo, os funcionários pagam o aumento da produtividade no trabalho.
Outros empregadores parecem mais espertos: pagam pelo menos parte do custo para incentivar os funcionários a adoptarem mais iPhones, iPads e Androids – para aumentar a massa de profissionais da informação altamente eficazes e conecdatos. A
Avnet, uma empresa de distribuição, vai mais longe: oferece diferentes níveis de subsídio com base na função do empregado e, portanto, no ROI esperado da utilização desses dispositivos.
Algumas empresas pagam o custo integral, mas a maioria não. Mesmo quando há expectativas fundadas de redução de custos. Muitas empresas continuam a disponibilizar dispositivos móveis – mas já não são apenas BlackBerrys – como norma para alguns funcionários.
A direção é clara: as empresas descobriram que os profissionais da informação trabalham melhor com iPhones, iPads e Androids. E esses trabalhadores estão dispostos a pagar pelo privilégio, tornando a estratégia BYOD muito mais suave em termos de investimento para o empregador.
Talvez no futuro, os empregados deixem de ser tão benevolentes. No entanto, hoje os funcionários também pagam pelos seus próprios computadores, pela banda larga em casa, sem protestar.
Fonte:
CIO Gestão